MARINA PLANASCO-FUNDADORA DA THENTWKÉ UMA FONTE INESGOTÁVEL DE ENERGIA. COM O SEU ENORME SORRISO COMO CARTÃO DE VISITA, É UMA DAQUELAS PESSOAS CUJO OPTIMISMO E ENTUSIASMO SÃO CONTAGIOSOS EM APENAS CINCO MINUTOS.

DEPOIS DE VÁRIOS ANOS NO MUNDO INDUSTRIAL, MARINA FOI PARA OS ESTADOS UNIDOS ESTUDAR NO INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE MASSACHUSETTS. NO SEU REGRESSO, FUNDOU COM A SUA SÓCIA SABRINA GUZMÁN THENTWK. NESTA ENTREVISTA FALAMOS SOBRE COMO "O FUTURO DA ECONOMIA SERÁ MARCADO PELAS PLATAFORMAS".

Olá Marina, antes de mais, muito obrigado por ter disponibilizado o seu tempo para falar connosco. Antes de falar sobre todos os projectos em que está a trabalhar na TheNTWK, gostaria que nos dissesse o que significa para si a Indústria 4.0.

Muito obrigado a vós. Para mim, a Indústria 4.0 é uma revolução que facilita a colocação da tecnologia e dos dados ao serviço das pessoas.

Que desafios e oportunidades vê neste novo modelo?

Um estudo recente da consultora McKinsey previa que, até 2025, um terço da economia global seria transaccionado através de modelos de negócio baseados em plataformas.

Isto significa que enfrentamos vários desafios. O primeiro é a escassez e a fragmentação do conhecimento relacionado com este tipo de modelo de negócio.
O outro é talvez a mudança de paradigma de ser uma plataforma. Algo que literalmente inverte a empresa, como Marshall Van Alystine e Geoff Parker apontam em sua publicação "Platform Ecosystems: How Developers Invert the Firm".

Esta mudança coloca o cliente no centro de gravidade de todas as funções empresariais e exige uma profunda mudança cultural.
Há que ter em conta que as plataformas alteraram totalmente as regras do jogo e as oportunidades que oferecem são ilimitadas.

Já não é necessário investir fortemente em activos ou meios de produção para competir. Este modelo requer apenas um ambiente digital para facilitar a troca de produtos e serviços entre produtores e consumidores.

CONSIDERA QUE AS EMPRESAS ESPANHOLAS ESTÃO BEM POSICIONADAS NESTA CORRIDA?
Se falarmos da Indústria 4.0 enquanto tal, os números são muito melhores do que se nos centrarmos no modelo de plataforma de que estava a falar. De acordo com um estudo de Peter Evans e Annabelle Gawer, apenas 3% das empresas de plataformas estão na Europa. 68% destas empresas estão na Europa. 68% destas empresas estão nos Estados Unidos e 27% na Ásia.

Como vêem, estamos longe de atingir estes valores, mas também estamos em condições de inverter esta situação e ocupar um bom espaço nesta distribuição.

Quanto às empresas espanholas, encorajá-las-ia a analisar o seu ecossistema e a avaliar o nicho que podem preencher. E encorajá-las-ia mesmo a ir mais longe e a analisar com que parceiros podem ou querem criar uma plataforma. Porque, no futuro, se não a construírem elas próprias, ou vão juntar-se a uma que já existe ou vão fazer parte de uma.
Em Espanha, já existem iniciativas muito interessantes com o apoio de instituições governamentais locais, regionais ou centrais. Mas penso que estas devem desempenhar um papel catalisador no seu crescimento.

Aconselho que se siga o modelo do Governo de Singapura, que apoia as PME para promover transacções fora da região da ASEAN.

Que papel desempenham as PME nesta mudança?

As PME desempenham um papel fundamental em Espanha e também neste processo. Acredito que têm uma oportunidade única de se desenvolverem como empresas e de abrirem as suas barreiras, quer seja com grandes empresas ou com startups.

Também através da colaboração com associações sectoriais e regionais com as quais podem trabalhar em conjunto para promover a criação de plataformas.

Considera que esta é uma oportunidade única para a Espanha recuperar a sua posição na indústria mundial?

Penso que, enquanto país, não fizemos o nosso trabalho de casa, mas estou muito otimista. A Espanha é um país muito rico em recursos naturais fundamentais para tirar o máximo partido desta mudança tecnológica.
Temos muitos talentos altamente qualificados e um tecido industrial que, embora enfraquecido, é invejável pelo seu dinamismo e capacidade de regeneração.
Sempre acreditei que, enquanto país, precisamos de apostar mais na indústria e na tecnologia. Talvez eu tenha uma visão muito industrial depois de 17 anos de experiência no sector automóvel.

Temos agora a oportunidade de gerar mais negócios e empregos a partir de startups e PME, que são essenciais para compreender a economia espanhola.
Mas também a oportunidade para que as grandes empresas coloquem o cliente no centro e lhe dêem valor através de outros modelos de negócio.

No seu trabalho diário, está em contacto com muitas empresas que querem lançar o seu modelo de negócio no mercado. Quais são os seus principais pontos fortes e os seus erros mais comuns?

Penso que a principal dificuldade com que nos deparamos é a formação prévia. Muitas vezes precisam de perceber o que é uma plataforma e o que não é uma plataforma.
Muitas destas empresas pensam que tudo o que é digital é uma plataforma. Não é o caso. É essencial saber como funcionam e calcular o impacto real que terão...

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