Talvez fique tão surpreendido como eu fiquei com o conceito de AIoT, como quando descobri que "AI", bem como Inteligência Artificial, significa "amor" em japonês.

A AIoT é a fusão de tecnologia capaz de recolher, enviar e receber dados de ou para um dispositivo, com tecnologia capaz de interpretar esses dados, de forma inteligente e autónoma, e de executar acções a partir do mesmo dispositivo ou de outros sistemas, utilizando inteligência artificial baseada numa plataforma em nuvem.

No mercado da IAoT existem nomes bem conhecidos como Watson da IBM, ou Bosch e outros menos conhecidos, como Mediatekuma empresa de IAoT para fins gerais. Mas se falarmos de AIoT para a indústria 4.0então temos de falar do MonoM.

TECNOLOGIAS AIoT

Provavelmente sabe que as tecnologias que compõem a AIoT são a Inteligência Artificial e a IoT. No entanto, é importante ressaltar que ambas possuem características especiais quando falamos de AIoT aplicada à Indústria 4.0. Tal como a IoT tem de ser muito específica, uma vez que não é a mesma utilizada para controlar as vibrações de um motor que a utilizada para monitorizar a pressão do óleo, a IA também requer diferentes subtecnologias que garantam não só que de todos os dados recebidos são escolhidos os adequados para cada dispositivo monitorizado individualmente, mas também que possam aplicar a aprendizagem de analistas especializados utilizando desde a aprendizagem de máquinas com os seus modelos até sistemas especializados que incluem a topografia, não de cada modelo, mas de cada equipamento, para citar alguns.

Mas não nos podemos esquecer de duas tecnologias que são pilares da IAoT. Uma é o Big Data, com o qual podemos armazenar imensas quantidades de dados, quer sejam estruturados(Warehouse) ou não estruturados(Data Lakes) para serem analisados pela IA. Sem esta tecnologia de tratamento de dados, seria impossível gerir todos os dados que a IoT é capaz de fornecer. Basta pensar que a projeção para 2030 é de mais de 29 milhões de dispositivos IoT, de acordo com o Statista, e imaginar os dados por segundo que estes dispositivos podem transmitir para começar a compreender as enormes quantidades de que estamos a falar. E estamos apenas a começar.

E não se esqueça do 5G, como outra das tecnologias pilares para a AIoT, uma vez que uma quantidade tão grande de dados e a necessidade de executar acções em tempo real exigem uma velocidade de comunicação muito superior à atual. No entanto, no mundo industrial, é possível ver soluções 4G, mesmo 3G, wi-fi ou tecnologia de sensores com fios que estão atualmente a permitir que a AIoT avance na indústria a um ritmo acelerado.

INDÚSTRIAS PARA A IAoT

Para esta secção, tenho de me basear na experiência da MonoM, que foi ratificada pela IOT ANALYTICS, durante este ano de 2022, com o seu reconhecimento como uma das primeiras empresas de plataformas de IoT industrial em nuvem do mundo.

A primeira indústria onde a IAoT começou a espalhar-se foi a indústria transformadora e a sua necessidade de manutenção preditiva em todas as suas máquinas, permitindo não só a manutenção preditiva automatizada, ou a deteção de anomalias nos activos, mas também a integração de dados de TI, IoT e OT, ou a rastreabilidade interna do produto acabado, entre muitos outros.

No entanto, como já referi, a indústria transformadora foi apenas a primeira, pois outras se seguiram, como a Oil&Gas, a Wind, a Solar, a Automotive, a Defence, a Civil Engineering ou a Foof&Beverage.

A crescente necessidade de gestão e tratamento da água, dada a crescente escassez deste recurso, fez com que este seja o mais recente sector em que a IAoT está a ter sucesso, ajudando a automatizar o nível da água, a deteção de fugas, o controlo da qualidade da água, a digitalização de contadores domésticos e outros.

BENEFÍCIOS DA IAoT NA INDÚSTRIA 4.0

Se tivesse de escolher apenas um, teria de escolher entre a automatização ou a digitalização dos activos de uma indústria. Porque, no fim de contas, esse é o benefício final quando se aplica a AIoT.

É evidente que a monitorização em tempo real dos dispositivos permite uma tomada de decisões mais eficiente e produtiva, mas tal não seria possível sem outros benefícios, como a democratização da utilização dos activos, a automatização da manutenção preditiva, o controlo da produtividade e a gestão dos riscos para evitar que as linhas de produção ou os activos entrem em rutura ou comecem a funcionar de forma defeituosa.

E não podemos esquecer a imensa informação que nos fornece e que pode ser utilizada para melhores estudos e análises, nem a vertente empresarial, com a possibilidade de vender aos clientes produtos acabados que incorporem a IAoT, podendo assim oferecer-lhes melhores serviços e até novos serviços que melhorem a competitividade e as vendas.

É evidente que a AIoT se tornou uma tecnologia Deep Tech fundamental para a Indústria 4.0. Continuaremos expectantes com a sua evolução e, especialmente, numa área sobre a qual talvez possamos falar noutro dia. Estou a falar dos Gémeos Digitais.

Tenha um dia feliz e próspero.

Antonio Ramírez - CMO MonoM (Grupo Alava)